
H&M desembarca no Brasil e acende novo alerta estratégico no varejo de moda
A chegada da H&M ao Brasil em agosto de 2025 representa um marco importante para o varejo de moda nacional. Após três anos de estudos, a gigante sueca — uma das maiores marcas de fast fashion do mundo — dá início à sua operação no país com quatro lojas físicas, um e-commerce com cobertura nacional e uma estratégia desenhada para competir em um mercado cada vez mais exigente, digital e culturalmente complexo.
Com mais de 4.300 lojas em 77 países, a marca desembarca no maior mercado da América Latina com um plano claro: integrar canais, fortalecer presença local e conquistar o consumidor brasileiro com velocidade, conveniência e representatividade.
Estratégia omnicanal desde o primeiro dia
Diferente de muitas marcas internacionais que entram no Brasil de forma tímida ou testando formatos, a H&M inicia sua operação já com estrutura omnicanal: lojas físicas nos principais shoppings de São Paulo e Campinas (Shopping Iguatemi, Anália Franco, Morumbi e Parque Dom Pedro) e e-commerce operando nacionalmente. A decisão é estratégica — o consumidor atual busca experiências fluidas entre o online e o físico, e a H&M entende que não há mais espaço para pensar os canais separadamente.
Produção local e times brasileiros
A marca também sinaliza uma movimentação relevante em relação à cadeia produtiva: parcerias já iniciadas com fornecedores brasileiros — especialmente em calçados e moda praia — devem crescer ao longo dos próximos anos. Isso reduz prazos, fortalece a percepção de nacionalização e estimula a indústria local.
Além disso, a companhia prevê a contratação de 450 pessoas até o fim de 2025. Parte do time já está sendo treinada em uma loja piloto e conta com o apoio de brasileiros que já atuavam na empresa fora do país. A ideia é construir uma operação enraizada, com pessoas que conheçam o comportamento do consumidor local e contribuam para a adaptação das estratégias globais ao nosso contexto.
Cultura, colaborações e sustentabilidade como pilares
Um dos diferenciais da H&M é sua habilidade de traduzir cultura de forma comercial. A marca aposta fortemente na conexão com o público por meio de colaborações com artistas, marcas e designers locais — algo que já está no radar para o Brasil. “Queremos refletir a cultura brasileira em todas as nossas iniciativas”, afirmou Joaquim Pereira, country manager da H&M no Brasil.
A sustentabilidade também segue como pilar: em 2024, a empresa investiu US$ 179 milhões em práticas sustentáveis e novas tecnologias. Entre os destaques, uso de algodão orgânico, poliéster reciclado e iniciativas como o modelo “Pre-Loved” — que reúne peças de segunda mão em loja física — e que pode ser implementado futuramente por aqui.
Por que o mercado deve prestar atenção?
A entrada da H&M não é apenas a expansão de uma multinacional. É um movimento que tende a impactar toda a cadeia da moda brasileira — de fornecedores a pequenos varejistas, de consumidores a influenciadores.
A empresa chega com infraestrutura robusta, branding consolidado e um modelo de negócios que une velocidade, volume e presença cultural. Isso pressiona o mercado local a responder com mais eficiência operacional, inovação em produto, diferenciação de marca e experiências mais conectadas com o consumidor.
Mais do que competir por preço, será preciso competir por relevância.