
Frete no e-commerce de moda: como reduzir abandono de carrinho e proteger a margem
Se você vende moda online, já viu isso acontecer: preço bom, foto linda… e o cliente some no checkout. O motivo mais comum é o frete. O estudo Panorama da Gestão Logística no E-commerce Brasileiro (Nstech + Frete Rápido) mostra que metade das empresas sente forte impacto do custo de frete no abandono de carrinho. E 24,2% já perderam negócios por limitações do próprio sistema logístico. Ou seja, não é só “frete caro”. É também como você mostra o frete, como promete a entrega e como opera por trás.
O que derruba sua conversão
Moda tem ticket médio muitas vezes baixo (básicos, acessórios). Quando o frete parece alto, o cliente desiste. Some a isso sazonalidade, muitos SKUs por look e trocas por caimento. Se o site não mostra data estimada por CEP, opções de prazo e preço, retirada em loja e pontos de coleta, o carrinho evapora.
Onde a logística ainda trava
Mesmo sendo digital, muita operação segue “no braço”. O estudo aponta as principais dores:
27,7%: cálculo e tabelas de frete confusas
26,8%: dificuldade para integrar transportadoras
16,1%: comprovação de entrega e auditoria
15,8%: rastreio falho
13,5%: falta de indicadores (KPIs)
E o modelo é dependente de terceiros: 72,9% usam só transportadoras, 21,3% modelo híbrido, 5,8% frota própria. Resultado: custo alto, promessa pouco confiável e pós-venda fraco.
Passos simples para virar o jogo
1) Transforme frete em produto
Mostre data de entrega por CEP já na página do produto.
Ofereça 2 ou 3 opções: econômico, expresso e, onde fizer sentido, same/next-day.
Ative retirada em loja e pontos de coleta para quem prioriza conveniência.
Facilite a devolução em loja (BORIS). Tira o medo de errar o tamanho e aumenta a confiança.
2) Integre seus sistemas (sem complicar)
Muita gente ainda calcula frete manualmente. Só 20,3% usam Gateway/TMS de ponta a ponta. Vale a pena porque ele:
compara preços de várias transportadoras em tempo real (rate shopping);
escolhe a melhor rota para evitar dividir pedidos;
dá rastreamento unificado (WhatsApp/SMS/e-mail);
atualiza tabelas dinâmicas por região e peso/volume.
Dica prática: faça o TMS “conversar” com seu OMS (orquestra pedidos) e WMS (estoque).
3) Use omnicanalidade para reduzir prazo e custo
Os planos das empresas para os próximos 12–24 meses mostram a direção:
38,7% vão instalar um novo sistema logístico;
20% vão trocar sistema e revisar processos;
31,3% querem expandir para marketplaces;
29,7% adotam multiorigem/dark store;
24,8% vão ampliar ship from store.
Na moda, ship from store costuma ser um golaço: o estoque fica mais perto do cliente, o que barateia e acelera a entrega no raio urbano.
Prepare seus picos (lançamentos, collabs, Black Friday e Natal)
Simule picos com 8–12 semanas de antecedência e teste plano B por região.
Deixe SKUs de giro rápido em posições fáceis (picking/packing).
Use frete grátis inteligente: defina limiares por margem e categoria (evite gratuidade para tudo).
Feche acordos regionais onde o prazo/custo mais doem.
Métricas fáceis que ligam logística ao caixa
Acompanhe poucos números, toda semana:
Custo logístico por pedido (R$)
Prazo prometido vs. cumprido (SLA)
Abandono por faixa de frete
Conversão por opção de entrega
% de pedidos multiorigem / ship from store
Tempo de reembolso em devolução
NPS da entrega e recompra em 60/90 dias
Com esses dados, dá para ajustar transportadoras, mudar regras de roteamento e renegociar tabelas com base em fatos.
O que esperar de crescimento
Para 2025/26, as empresas projetam: 43,5% crescer 10–30%; 27,4%, 30–50%; 6,5%, até 100%; 4,8%, +100%. Esse salto só acontece com frete competitivo, visível e flexível.
FAQ
Por que o frete causa tanto abandono na moda?
Porque o ticket pode ser baixo e o frete parece caro. Se não houver data clara por CEP e opções de prazo/preço, o cliente desiste.
Como reduzir custo de frete sem matar a margem?
Use TMS para comparar tarifas, ship from store para encurtar distâncias e frete grátis inteligente (limiares por margem/categoria).
Omnicanalidade ajuda mesmo?
Sim. Retirada em loja, pontos de coleta e devolução em loja reduzem fricção. Ship from store reduz prazo e custo no raio urbano.
Preciso de time técnico para integrar tudo?
Comece pequeno: TMS conectado ao checkout, rastreio unificado e um piloto de ship from store em 2–3 lojas. Depois, escale.
Conclusão
Frete não é detalhe operacional; é parte da proposta de valor. Na moda, onde desejo e timing andam juntos, quem promete certo, entrega certo e resolve certo vende hoje e volta a vender amanhã. A tecnologia para isso já existe. Falta, muitas vezes, decisão executiva para colocar a logística no centro — exatamente onde o cliente sempre a enxergou.